29 de março de 2010

Psicanálise e a clínica com bebês

As recentes pesquisas na área do desenvolvimento com base cognotivista e da neurociências ,demonstramque a partir do 5º mes de gravidez ,as estruturas sensoriais já estão presentes no bebê,permitindo lhe receber informações visuais auditivas ,olfativas ,gustativas ,somestésicas e cinestésicas .
Ao nascer,o bebê dispõe de um aparato perceptivo que lhe proporciona prontidão para estabelecer uma relação com o mundo exterior .
Contudo esta sua capacidade de registrar categorias e hierarquias ,"pensar como um computador",só adquire sentido e significação na relação com o outro.Um outro que esteja junto com ele ,que lhe dê acolhimento, no seu desamparo de recém chegado ao mundo,promovendo assim a condição de um encontro que exige ,competências tanto do bebê como do outro que o acolhe.
O bebê para que possa advir como ser humano ,ser de fala ,fala-ser,tem que contar com este que "possui as loucuras necessárias"(Winnicott) ,que nomeia suas reações e manifestações,supondo no bebê um saber.
O enfant,este que não fala ,é antecipado ,falado pelo outro portador da linguagem ,no contexto imaginário e simbólico,que exerce a função materna ,viabilisando assim a contrução do aparelho psíquico.
"A linguagem é a comunicação codificada de afetos chamando,suscitando o sujeito no Outro,por representantes audíveis ,visuais ,táteis;emocões feitas de atenção e de interesse recíprocos,culminando no prazer da intercomunicação (No Jogo do desejo,Seuil,1981,pag.:293).
Nestes primeiros tempos ,através dos cuidados oferecidos pelo outro,são produzidas as inscrições no corpo e no psiquismo,simultaneamente vividos com qualidade afetiva :bom/ruim,prazer desprazer-marcas do esboço do psiquismo que conduz a aprendizagem.
Neste percurso ,quando ocorrem incidentes entre o bebê e os personagens envolvidos com o seu cuidado ,os pais ;obebê pode apresentar manifestações de sofrimento (sintomas ,no sentido freudiano do termo)abrindo assim condições para o trabalho psicanalítico.Um trabalho que só terá sentido se incluir esse Outro,os pais ,promovendo a decodificação dos sintomas que são também sintoma dos pais ,pois eles próprios, com o nascimento do filho revivem angustias arcaicas de desamparo ,medo de aniquilamento ,de se perder em pedaços ,e ou a angustia da castração (Edípica) da mãe ,com relação à sua feminilidade.
A clínica com bebês ,tem um apelo que transforma em demanda dirigida ao psicanalista ,que ao fazer o circuito transferencial ,ora com o bebê ora com a mãe ,ora com o pai,realiza um trabalho de mediação ,poupando o bebê da angustia dos pais .Intervenções ,que numa posição terceira ,é destinatária das falas que se dirigem ao bebê como sujeito em constituição ,para além de suas bases biológicas e ontológicas.




Seminários sobre a clínica psicanalítica com crianças e adolescentes
17/04
" As intervenções precoces na infãncia"

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