Tres manchetes abriram o telejornal neste Dia Internacional da Mulher:
1)Pela primeira vez na história da premiação do Oscar ,o prêmio de melhor direção é para uma mulher, e que ,como também salienta a jornalista, um de seus concorrentes é seu ex-marido.
2)Dados estatísticos demonstram queda no índice de mães adolescentes.
3) Policial resgata crianças deixadas sozinhas em casa situada em favela ,enquanto suas mães vão ao forró,fato que recebeu o comentário indignado da jornalista de que" criança não é brinquedo".
Comemorar e louvar a condição da mulher nestes moldes do politicamente correto e de propostas higienistas ,parece só mascarar o que ainda está encoberto .
Se o lugar da mulher em nossa atualidade é na condição de que seus "direitos são iguais",caberia ser salientado que a diretora premiada concorria com seu ex -marido ?Será este seu mérito? Poderemos então concluir que "a guerra dos sexos "continua ?
As estatísticas também já demonstraram que a gravidez na adolescência não é exclusiva da condição de falta de informação sobre métodos contraceptivos ,mas sim que ,a maioria das jovens mães tem nesta situação um modo de serem reconhecidas e valorizadas pelo mundo adulto.Pois na sua condição de "sem lugar ",não são mais crianças, mas também são inaptas para ingressar no mundo adulto ,se fazem "mães".Aliás ,lugar que sempre definiu a mulher :esposa e mãe ,até sua emancipação.
A denuncia do abandono de crianças sensibiliza a todos ,visto que a condição que é necessária para uma mulher exercer a função de mãe ,é que, nela habite um desejo ,o desejo de ter filho, que lhe possibilita acolher e oferecer todos os cuidados amorosos que uma criança solicita.
Esta é a condição de sua feminilidade,solução do Édipo que a determina,na pura diferença. Contudo não é esta a sua única solução-ter filhos - pois na sua condição de sujeito de desejo,a mulher com a sua emancipação pôde conquistar inúmeras soluções.
Porém na atualidade as soluções ofertadas parecem impor a todos ,exigencias de eficiência e de tudo poder gozar ,numa proposta ilusória de que o impossível será possível ,desde que nos rendamos à condição de tudo consumir .Se todos somos reféns deste imperativo ,o que dizer das mães da favela?
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