Penso em alguns adolescentes que chegam hoje em dia aos nossos consultórios, nesse estado
que bem poderia evocar o que foi dito de Hamlet, não fosse o fato de, ao menos à primeira vista,
suas vidas em nada lembrarem o trágico ou o grandioso. Deles também há quem diga que não
querem. Eles dizem que não podem. Mas a verdade, também para eles é que não podem querer. (1)
Aliás, o próprio fato de que venham nos ver é um acontecimento pouco comum, visto que
parecem perfeitamente alheios à angústia. Seria de perguntar então, porque me ocupo deles, quando
a angústia é o meu assunto.
Ocorre que há alguns anos venho observando uma certa inclinação do que vetoriza as
demandas de tratamento, num ângulo um pouco discordante, talvez, daquele que em geral tem nos
interrogado mais. Nas últimas décadas temos sido levados a nos referir, principalmente no que
concerne aos adolescentes, às toxicomanias, aos transtornos alimentares, à delinqüência, estadoslimite,
fenômenos de borda... Enfim, ao que tem sido chamado de novas patologias, novas
formações clínicas.
Sem diminuir sua importância e sem excluílas,
de minha parte, tenho tido ocasião de me
perguntar também o que é feito das velhas formações clínicas. Sobretudo, em relação a um certo
estreitamento do campo do sintoma, a respeito do qual já se tem dito tanto, ao que parece ser um
agravamento, se posso dizêlo
assim, seja quanto à freqüência, seja quanto à severidade, dos
quadros de inibição entre os nossos jovens.
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