Os nascimentos por parto cesário chegou a 52%,passando os partos normais e colocando o Brasil ,em 2010, como recordista mundial em nascimentos cirúrgicos.Este fato levou o Ministério da Saúde a promover uma pesquisa com o objetivo de investigar o que tem levado a mulher a fazer esta escolha .
Vale considerar que a "dor do trabalho de parto" e as mudanças no corpo que uma gestação exige ,na cultura atual ,ganham um caráter negativo,diante do " imperativo da felicidade" e da "beleza".E que ser "bela " e "feliz" são itens que devem constar no currículo de toda mulher moderna, numa constância que se conjuga em todos os tempos do verbo,era ,sou e serei,de forma ininterrupto e fixada a padrões pré estabelecidos ,aos moldes das capas das revistas.
É comum ouvir das puérperas queixas com dúvidas e medos sobre a forma juvenil perdida .Parece que o bebê que pode ser acolhido em seus braços e preencher todas suas faltas ,se mostra insuficiente .Seu olhar se volta para si mesma,e este quando não lhe devolve a imagem da perfeição da capa da revista, é motivadora de conflitos que muitas vezes as levam a impedimentos tais ,que inviabilizam a realização da função materna, própria deste momento .Função esta que só se realiza ,se a mulher toma seu bebê como espelho e neste nada lhe parece faltar.
Acrescenta se aqui, no discurso contemporâneo com a referência ao "tempo real", que dispensa o essencial da vida de cada um , sua história particular e única.
Sustentado por esta vivencia ,todos se colocam em uma roda viva ,em que, o que é necessário ter seu tempo próprio,recebe um forçamento para ser enquadrado em agendamentos previsíveis ,incluindo aqui o nascimento de um bebê .
A "dor ",que exige ser suportada, e o "trabalho" , que exige tempo, toma dimensões surreais, por estarmos todos inseridos nesta lógica.
E neste contexto ,existe a possibilidade de um escolha,seja da mulher ou do médico?
Há que se considerar que uma escolha é sempre conflitante ,conflito exige tempo para considerações. E,neste nosso tempo presente, não há tempo para isso.
***A experiência do nascimento de um filho é única e inominável.Experiência que ,há que
ser vivida.Se é este seu estatuto, não estariam as imagens exibidas nas campanhas de incentivo ao parto normal produzindo um efeito contrário ao proposto?
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